sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Entrevista com Cláudia Leitão, do Ministério da Cultura - A Economia Criativa no Brasil


 
Cláudia Leitão assume Ministério da Cultura: "Economia Criativa é um conceito em construção, mas sabemos que é a economia do intangível, do simbólico."
Moda, design, artesanato, arquitetura, manifestações populares (carnaval, festas juninas etc), audiovisual (cinema e vídeo), indústria de conteúdos digitais (internet), jogos eletrônicos, publicidade etc. Todos são exemplos de economia criativa, tema em discussão no mundo e no Brasil. Com o crescimento da importância do assunto, o governo federal criou uma Secretaria específica no Ministério da Cultura para fomentar esta nova modalidade econômica. Para explicar melhor os seus conceitos e suas bases, Cláudia Leitão, Secretária da Economia Criativa, concedeu entrevista exclusiva ao Blog da Fundação Verde.

Blog FVHD: O que é Economia Criativa, de acordo com o Ministério da Cultura?

Cláudia Leitão: Economia Criativa é um conceito em construção, mas sabemos que é a economia do intangível, do simbólico. Essa nova economia contempla os ciclos de criação, produção, difusão, circulação/distribuição e consumo/fruição de bens e serviços caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica gerada por setores cujas atividades econômicas têm como processo principal um ato criativo, gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural.

Blog FVHD: Qual a aceitação no Brasil desta nova forma de economia?

Cláudia Leitão: Na última década, o tema Economia Criativa vem ganhando espaço nas discussões de órgãos e comunidades internacionais, sendo destacado como estratégico para o crescimento e o desenvolvimento econômico e social de países desenvolvidos e em desenvolvimento, seja através da geração de trabalho, emprego e renda, seja por meio da promoção da inclusão social, da diversidade cultural e do desenvolvimento humano.

Com a criação da Secretaria da Economia Criativa (SEC) no Ministério da Cultura, o governo federal reforça o compromisso em dialogar com os segmentos criativos, os empresários, os artistas, as agências de fomento, as universidades, o sistema S, as agências multilaterais, os estados e municípios, as instituições de pesquisa, as organizações do terceiro setor, enfim, com a população brasileira com o objetivo maior de formular, implementar e monitorar de políticas públicas para um novo desenvolvimento do país.

Mas há ainda muito a ser feito, pois necessitamos de pesquisas, de indicadores e de metodologias que garantam a confiabilidade dos dados desta nova economia. Carecemos de novas linhas de crédito para fomentar os empreendimentos criativos brasileiros. Precisamos construir uma nova educação para as competências criativas, além de infra-estrutura que garanta a criação/produção, difusão/circulação e fruição/consumo de bens e serviços criativos dentro e fora do país. Devemos, ainda, propor novos marcos legais para esta economia, sejam eles tributários, trabalhistas e civis que nos permitam avançar. Para isso, precisamos de políticas públicas capazes de transformar a criatividade brasileira em inovação e a inovação em riqueza.

Blog FVHD: Tem dado certo?

Cláudia Leitão: Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a participação dos setores criativos no PIB do Brasil atingiu em 2010 o montante de R$ 95,157 bilhões, ocupando cerca de 4.287.264 do total de trabalhadores do país. Estes dados são ampliados quando levamos em consideração que os mesmos correspondem aos resultados de uma economia formal. Um grande percentual dos empreendimentos e profissionais dos setores criativos brasileiros atua na informalidade. Porém, a equipe da Secretaria da Economia Criativa esteve reunida com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e com o IBGE para firmar parcerias e incluir em sua rotina pesquisas sistêmicas ao setor.

Blog FVHD: Quais a perspectivas da economia criativa? E quais as expectativas?

Cláudia Leitão: O Brasil é riquíssimo no que diz respeito a inovação e empreendimentos criativos. Passa pela moda, design, artesanato e passa pelas novas tecnologias, todas muito importantes dentro dos arranjos produtivos. Nesse sentido, a SEC propõe um conjunto de iniciativas e ações a serem implementadas pelo Ministério da Cultura, articuladas de modo interministerial e com diversos parceiros públicos e privados a partir dos seus eixos de atuação: institucionalização de territórios criativos; desenvolvimento de pesquisas e monitoramentos; estabelecimento de marcos regulatórios favoráveis à economia criativa brasileira; fomento técnico e financeiro voltado para negócios e empreendimentos dos setores criativos; promoção e fortalecimento de organizações associativas (cooperativas, redes e coletivos) e formação para competências criativas de modo a promover a inclusão produtiva.

Blog FVHD: Já temos boas experiências no Brasil?

Cláudia Leitão: Claro. A moda, o design, o artesanato, a arquitetura, a música, o teatro, a dança, a pintura, a fotografia, as festas e as manifestações populares (carnaval, festas juninas etc), o audiovisual (cinema e vídeo), a indústria de conteúdos digitais (internet), os jogos eletrônicos, a publicidade etc. Todos são exemplos de economia criativa.

Blog FVHD: Quanto se espera movimentar em termos de recurso?

Cláudia Leitão: Ainda é muito cedo para estimar. Devemos nos concentrar em buscar parcerias e elaborar políticas eficazes, sempre ampliando o impacto que os recursos disponíveis terão na sociedade.

Fonte: www.blogfvhd.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário