Logo na abertura Penna deixou claro seu posicionamento contra a produção de energia nuclear, mas ressaltou a importância de uma discussão isenta sobre o assunto. “O interesse nesse momento é de ampliar a discussão com a sociedade brasileira desse tema de forma não apaixonada, de forma a contribuir para os esclarecimentos e fazermos uma correção de rota”, afirmou o deputado. “A intenção dessa audiência pública é não deixar nada por debaixo dos panos. Nós temos que dar transparência a esta discussão. Mesmo tendo uma posição clara contra, eu quero discutir”.
A responsável pelo relatório, Marijane Vieira Lisboa, relatou a conclusão da visita que fez à cidade baiana, que abriga um terço de toda a reserva de urânio do País, mais de 100 mil toneladas do mineral. “As principais reclamações da população se referem à questão da água. O que nós constatamos é que a população não tem informações fidedignas nem suficientes para se sentir tranquila em relação a sua saúde”, disse Marijane. “Há uma incidência muito grande de cânceres na região, particularmente de leucemia, que é uma doença muito associada à exposição radioativa”, revelou.
“O caso de Caetité é exemplar, porque a gente vê todos os direitos humanos sendo prejudicados por causa de uma atividade que altamente nociva e perigosa em sua essência. São negados à população do município o direito à saúde, à água, à atividade econômica, à moradia, além do direito político a se informar, manifestar-se e organizar-se”, criticou a relatora. Marijane também queixou-se da dificuldade de obter informações com a INB sobre as minas. “Não há vontade de comentar, divulgar o que acontece lá dentro”, argumentou.Por fim, ela criticou o fato de o CNEN , órgão que desenvolve e opera as usinas, ser também quem as regulamenta e fiscaliza.
O próprio presidente da INB, Alfredo Tranjan, presente na audiência, admitiu que esta separação deve ser feita. Ele também admitiu que é preciso melhorar a forma como a população de Caetité é informada sobre as ações da mineração do urânio. A audiência também contou com representantes da comunidade de Caetité, do Ministério do Trabalho, do sindicato dos mineradores de Caetité e da Fiocruz, que realiza uma pesquisa epidemológica na região.
Ao fim da audiência, Penna ressaltou que a discussão sobre o assunto terá continuidade. “Nós teremos sequência disso, vamos continuar conversando aqui”. O deputado afirmou que procurará o ministro da Ciência e Tecnologia para discutir o caso. Além disso, já existe um requerimento de Penna na Câmara, protocolado em março, para a instalação de uma comissão externa para visitar Caetité. “É um problema tão amplo que quanto mais a gente conversar melhor”, concluiu Penna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário